Certificados que Representam Ações Estrangeiras: Uma Forma do Investidor Brasileiro Investir em Ações de Companhias Estrangeiras
Investir em ações é uma maneira comprovada de fazer o dinheiro trabalhar a seu favor e construir riqueza ao longo do tempo. No entanto, muitos investidores brasileiros enfrentam um dilema: como acessar o mercado de ações de companhias estrangeiras? A resposta a essa pergunta pode estar nos certificados que representam ações estrangeiras, uma ferramenta que permite aos investidores brasileiros investir no Brasil em ações de companhias estrangeiras.
O que são esses certificados? Como funcionam? Quais as suas vantagens e riscos? Como eles oferecem uma solução atraente para diversificar o portfólio de investidores no mercado internacional?
O que são Certificados que Representam Ações Estrangeiras?
Certificados que representam ações estrangeiras, comumente conhecidos como BDRs (Brazilian Depositary Receipts), são instrumentos financeiros que permitem que investidores brasileiros tenham exposição a ações de empresas estrangeiras listadas em bolsas de valores fora do Brasil. Eles funcionam como uma ponte, permitindo que os investidores locais invistam em companhias globais sem a necessidade de abrir contas em corretoras internacionais ou lidar com a complexidade das transações em mercados estrangeiros.
Os BDRs são emitidos por instituições financeiras no Brasil, que compram ações estrangeiras e as mantêm em custódia no exterior. Em seguida, emitem BDRs que representam essas ações. Cada BDR corresponde a um determinado número de ações da empresa estrangeira. Por exemplo, um BDR pode representar uma fração de uma ação da Apple, da Amazon ou de qualquer outra companhia internacional.
Análise da Ação
O BDR representa uma determinada ação estrangeira, como por exemplo, ação da Apple ou da Amazon.
Por isso, o investidor terá que analisar muito bem os dados financeiros das companhias emitentes dessas ações, para somente depois optar por investir.
Portanto, se as informações contábeis apresentadas ao investidor não estiverem adaptadas ao padrão contábil brasileiro, o recomendado é pedir ajuda de um profissional que saiba interpretar os dados financeiros dessas empresas.
Tipos de BDR
- Patrocinados – são aqueles em que a iniciativa de ofertar os certificados parte da companhia emitente das ações.
- Subdivide-se em:
- Nível I – são aqueles não sujeitos a registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), portanto, esses ativos não são negociados na Bolsa de Valores e, sim no Mercado de Balcão ou outro segmento que faça negociação com esses certificados.
- Nível II e III – ambos têm exigência de registro na CVM. A diferença é que o de Nível II, a oferta pública é com “esforço restrito”, ou seja, é simplificada e destinada a certos investidores. Já o de Nível III, a oferta é ampla.
- Não-patrocinados – é o tipo de BDR em que a iniciativa de oferta do certificado é feita por instituição depositária e não pela companhia que emitiu as ações. Os não-patrocinados têm classificação no Nível I.
Como os BDRs funcionam?
O funcionamento dos BDRs é relativamente simples. Vejamos o processo:
- Emissão: Instituições financeiras brasileiras adquirem ações de empresas estrangeiras em mercados internacionais, como a Bolsa de Nova Iorque (NYSE) ou a Bolsa de Valores de Londres.
- Custódia no Exterior: As ações estrangeiras são mantidas em custódia no exterior, muitas vezes nos Estados Unidos, por uma instituição depositária, que é uma entidade financeira autorizada a guardar ativos financeiros.
- Emissão dos BDRs: Com base nas ações mantidas em custódia, a instituição financeira brasileira emite BDRs que são negociados na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) no mercado brasileiro.
- Negociação: Investidores brasileiros podem comprar e vender BDRs na B3, usando suas contas de corretagem locais. Cada BDR corresponde a uma determinada fração das ações estrangeiras mantidas em custódia.
- Recebimento de Dividendos e Benefícios: Os investidores que possuem BDRs têm direito a receber dividendos e outros benefícios, como bonificações e desdobramentos de ações, como se fossem acionistas diretos.
Vantagens dos BDRs para Investidores Brasileiros
Os BDRs oferecem várias vantagens para os investidores brasileiros que desejam diversificar seu portfólio e acessar empresas estrangeiras:
- Diversificação Internacional: Os BDRs permitem que os investidores acessem uma ampla gama de empresas globais, reduzindo a concentração de riscos no mercado doméstico.
- Facilidade de Acesso: Investir em BDRs é tão simples quanto investir em ações brasileiras, pois os BDRs são negociados na B3 e podem ser comprados através de corretoras locais.
- Recebimento de Dividendos: Os investidores recebem dividendos e outros benefícios das ações estrangeiras subjacentes, aumentando seus retornos potenciais.
- Proteção Cambial: Os BDRs podem servir como uma forma de proteção cambial, uma vez que os ativos subjacentes são denominados em moedas estrangeiras, o que pode ajudar a mitigar o risco cambial.
- Transparência e Regulamentação: Os BDRs são regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), proporcionando um ambiente de investimento confiável.
Riscos e Considerações
Apesar das vantagens, os BDRs também apresentam alguns riscos e considerações importantes:
Risco Cambial
Flutuações nas taxas de câmbio podem afetar o valor dos BDRs em reais, tanto positiva quanto negativamente.
Risco de Mercado
Os preços dos BDRs estão sujeitos às flutuações do mercado de ações internacional, assim como as ações subjacentes.
Risco de Liquidez
Alguns BDRs podem ter baixa liquidez, o que pode dificultar a compra ou venda de grandes quantidades de ações.
Custos e Taxas
O investidor que deseja investir em um BDR deve manter conta em uma corretora de valores e pagar taxa de custódia, eventualmente cobrada.
Há cobrança de taxa de corretagem na negociação dos ativos.
Imposto de Renda
Quanto ao imposto de renda, a alíquota é de 15% (Lei nº 11.033/2004).
O BDR não é uma ação negociada no mercado à vista, portanto, não há isenção na venda, dentro do mês, no valor de até vinte mil reais.
Conclusão
Os Certificados que representam ações estrangeiras (BDRs) oferecem aos investidores brasileiros uma oportunidade única de diversificar seus portfólios e acessar empresas estrangeiras diretamente da B3, sem a necessidade de contas internacionais complicadas ou transações em mercados estrangeiros. Eles são uma ferramenta valiosa para aqueles que desejam tirar proveito do potencial de crescimento de empresas globais e proteger seu patrimônio por meio de uma exposição mais ampla.
Embora os BDRs tragam benefícios significativos, é importante que os investidores entendam os riscos envolvidos, incluindo os relacionados à moeda e à volatilidade do mercado. Além disso, é aconselhável buscar orientação financeira adequada e estar ciente das questões fiscais relacionadas ao investimento em ações estrangeiras. No entanto, os BDRs desempenham um papel fundamental na ampliação das opções de investimento para os brasileiros, tornando mais acessível o acesso a mercados internacionais e contribuindo para uma maior diversificação e resiliência de suas carteiras de investimento.
Além disso, os BDRs também podem ser vistos como uma via para os investidores locais aproveitarem as oportunidades de crescimento e inovação oferecidas por empresas globais líderes em tecnologia, indústria, saúde, energia e outros setores. Isso é particularmente relevante em um mundo cada vez mais interconectado, onde as fronteiras geográficas se tornam menos relevantes, e o acesso a empresas estrangeiras se torna uma parte essencial de uma estratégia de investimento abrangente.
Como os BDRs oferecem uma maneira direta de participar do desempenho de ações estrangeiras, os investidores podem se beneficiar de uma diversificação geográfica que ajuda a proteger seus portfólios contra eventos adversos específicos de um país ou região. Além disso, a exposição a empresas estrangeiras pode proporcionar oportunidades de crescimento que podem não estar disponíveis no mercado doméstico.
No entanto, é fundamental que os investidores se educem sobre os BDRs, entendam os riscos envolvidos e planejem estrategicamente sua exposição a ações estrangeiras. Isso inclui considerar fatores como a moeda em que os BDRs estão denominados e o impacto das flutuações cambiais em seus investimentos. Também é importante analisar o desempenho e as perspectivas das empresas estrangeiras subjacentes, bem como as condições de mercado globais que podem afetar o valor dos BDRs.
Além disso, a escolha do tipo de BDR é um aspecto fundamental. Existem BDRs patrocinados, nos quais a empresa estrangeira está envolvida no processo, e BDRs não patrocinados, que não contam com o apoio da empresa emissora. A escolha entre essas opções pode influenciar a qualidade da informação disponível e o acesso a eventos corporativos, como dividendos ou desdobramentos de ações.
No contexto da diversificação internacional, os BDRs devem ser considerados como uma parte de uma estratégia global de investimento, que pode incluir ações brasileiras, títulos, fundos mútuos e outros ativos. Diversificar em várias classes de ativos e regiões geográficas ajuda a distribuir o risco de forma mais equilibrada e a proteger o portfólio contra flutuações específicas do mercado.
Outro fator importante é a pesquisa. Os investidores devem conduzir análises aprofundadas das empresas estrangeiras subjacentes aos BDRs, considerando fatores como fundamentos, desempenho passado, governança corporativa e perspectivas de crescimento. Isso ajuda a tomar decisões de investimento informadas e a construir um portfólio bem equilibrado.
Em resumo, os Certificados que representam ações estrangeiras (BDRs) representam uma ferramenta valiosa para os investidores brasileiros que desejam diversificar seus portfólios e acessar o mercado global de ações. Eles proporcionam uma maneira direta de investir em empresas estrangeiras e desfrutar dos benefícios da diversificação geográfica. No entanto, é importante compreender os riscos envolvidos, buscar orientação financeira adequada e integrar os BDRs em uma estratégia de investimento global bem planejada. Com o devido cuidado e pesquisa, os investidores brasileiros podem aproveitar as oportunidades oferecidas pelas empresas estrangeiras e contribuir para a construção de portfólios mais robustos e resistentes.